Como as Tecnologias Emergentes Estão Transformando a Preservação do Patrimônio Cultural

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Imagine como seria entrar em um museu e ser transportado, quase que instantaneamente, para as ruínas digitais de Pompeia (Itália), para o Museu Imperial da Quinta da Boa Vista durante Brasil Império, ou para qualquer outro sítio histórico que já não é mais aquilo que era em seu auge. Com o auxílio de um óculos de realidade virtual, ou dentro de uma Caverna Digital, não estamos mais apenas observando objetos estáticos em vitrines; estamos caminhando entre eles, ouvindo suas histórias, tocando suas paredes — ainda que com os olhos.

Essa é a revolução sensorial que as tecnologias emergentes estão promovendo no campo da preservação do patrimônio histórico e cultural. É por isso que, nos últimos meses, tenho trabalhado no desenvolvimento de um framework voltado para a promoção da Gestão Ágil, da Inclusão e Autonomia Digital na investigação e das Tecnologias de Sistemas de Informação dedicadas à preservação do patrimônio histçorico e cultural. Seu nome é GaiaDigital.

A Realidade Virtual (RV) permite recriar – a partir de informações e conhecimentos extraídos de registors históricos, saberes e memórias coletivas – espaços e ambientes perdidos no tempo. Não se trata mais de imaginar o que teria sido um palácio desaparecido, mas de visitá-lo. Museus ao redor do mundo já adotam a RV como estratégia para acessar lugares inatingíveis, simular ruínas antes de sua destruição e aproximar o público de contextos históricos complexos.

No GaiaDigital, essa imersão é aplicada na reconstrução digital de ambientes históricos, como a antiga residência de D. Pedro II, com o objetivo de fomentar novas formas de experiência e aprendizagem sensível.

Se a RV nos leva para dentro do passado, a Realidade Aumentada (RA) traz o passado para dentro do presente. Por meio de um celular ou tablet, o visitante pode apontar para um objeto físico e ver surgir, sobre ele, uma camada informacional: reconstruções em 3D, animações de uso cotidiano, traduções interativas.

É um modo de resgatar memórias fragmentadas e reativar sentidos.

Somando forças às interfaces encantadoras, está a Inteligência Artificial (IA), organizando, classificando, interpretando e até mesmo prevendo deteriorações em acervos. Algoritmos de IA são hoje capazes de:

  • Analisar documentos históricos digitalizados, reconhecendo padrões em milhares de páginas;
  • Apoiar a curadoria automática de exposições digitais;
  • Personalizar a experiência do visitante, oferecendo conteúdos guiados por perfis de interesse.

Na maioria dos projetos de investigação e preservação do patrimônio histórico e cultural, a IA é utilizada para automatizar o tratamento de grandes volumes de dados textuais e visuais, facilitando a preservação e o reuso crítico das informações para pesquisa, ensino e engajamento comunitário.

O que está em jogo, no fundo, é como queremos contar e viver nossas histórias. A incorporação ética dessas tecnologias permite romper com modelos museológicos excludentes, proporcionando interação, autonomia e acesso qualificado.

A Inteligência Artificial também é peça-chave na orientação de como proceder em determinados momentos em que investigadores e desenvolvedores precisam de um suporte para chegar a um resultado esperado. Não sigifica que, sem estas ferramentas, o que estamos desenvolvendo hoje no universi dos gêmeos e das reconstruções digitais fosse totalmente impossível, mas de fato, seria inviável ou tardadia um tempo incalculável para chegar a resultados que hoje, levamos poucas semanas ou meses. É por isso que as tecnologias mais recentes devem, sempre que possível, estar a serviço da memória, da justiça social e da educação patrimonial.


Referências Bibliográficas

  1. Dias, M. S., & Cuperschmid, A. R. M. (2022). Realidade Virtual e Aumentada para Difusão do Patrimônio Arquitetônico. ResearchGate.
  2. Consoni, G. B., Martins, P. E. R., & Japur, L. M. D. (2020). Realidade Aumentada Aplicada ao Patrimônio Histórico-Arquitetônico: Projeto de Aplicativo para Visualização dos Prédios Históricos da UFRGS. Revista do IHGRGS.
  3. Anunciação, S. (2024). Inteligência Artificial pode ajudar na preservação do patrimônio cultural. Jornal da Unicamp.
  4. Ibrahim, M. (2024). AI in Art and Cultural Heritage Conservation. Ultralytics.
  5. VIA Estação Conhecimento. (2021). Um resgate do patrimônio cultural através da tecnologia. VIA UFSC.
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